No dia 3 de março, domingo, quando eu saía da ABPA me deparei com um cocker cego, preto e muito mal tratado. Eu parei o carro bem longe dele, pois não queria assustá-lo. Na hora eu lembrei que no canil tem um cocker cego e preto, mas mesmo com toda a dificuldade que a ABPA passa, eu duvidei que fossem deixar o bichinho ficar naquele estado. Aí eu comecei a chamar a Zélia e apontei pro cãozinho. Quando eu vi a Zélia com uma corda na mão entendi na hora que aquele cão não era de lá. Então eu mesma peguei a coleira que estava no carro e coloquei no menino.
Eu voltei pra sede da ABPA com ele, Zélia parou de fazer o que estava fazendo pra ajudar. A gente ficou um pouco mais de uma hora, pra diminuir a quantidade de pelos dele.
Essas fotos foram feitas uns 20 minutos depois que começamos a tosá-lo. No canil só tinha uma tesoura, aí depois de um tempo eu fui pra casa buscar outra e o celular, pra poder fazer essas fotos. Vocês conseguem imaginar como ele estava pior?
Eu estava apavorada com a aparência daquele "monstrinho" de pelos. Os dreads iam até o chão, as patas tinham tanto pelo que estavam com aparência de 3 vezes maiores às patinhas normais. E as orelhas? Eu pensei que ele tivesse tumor nelas. Qual não foi minha surpresa quando a gente percebeu que aquilo tudo eram pelos emaranhados.
Essa foto mostra o resultado após tosa não profissional. Nesse momento o Nino tava indo pra Clinvet, no dia 3, segunda-feira. Lá ele ganhou banho e tosa; e também uma consulta.
Esse aí foi um pedaço de tufo de pelo que ainda tinha ficado em uma das orelhas dele. E representa apenas 10% do tanto de pelo que a gente já tinha tirado antes.
Atualmente o Nino está bem; já terminou o tratamento das infecções (olhos e ouvidos), mora num canil com o Danilo (o outro cocker cego) e todo dia dá uma voltinha pela ABPA.
Na quinta-feira nós o encontramos no banheiro, quando chegamos no canil, pela manhã. E sabem porque? Porque na quarta de tarde ele fugiu do canilzinho dele...tá muito levado. Ele é um chamego só comigo, acho que deve ter sido ignorado por tanto tempo que, quando alguém fez carinho nele pela primeira vez, ele o elegeu como melhor amigo, ou no meu caso, a mamãe dele.
Ontem o Nino surpreendeu mais uma vez. Pegou um potinho de ração com a boca, colocou na graminha e comeu tudo sozinho, como quem diz: "sái fora todo mundo que a raçãozinha é minha".
É incrível como ele é capaz de fazer tudo como um cãozinho normal. Pede colo, segue a mamãe, faz bagunça e até leva o pote de ração onde julga ser mais protegido.
Então gente, ele dá uma lição todo dia, mostrando que por ser especial, precisa de alguém especial também. Não deixem de adotar um bichinho por ele ter alguma deficiência, todos precisam e merecem um lar amoroso.
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